sábado, 24 de março de 2007

In the Bus

Acho que descobri o motivo da minha falta de criatividade. Eu preciso sair mais...
Hoje saí para um churrasco numa tentativa de quebrar minha barreira de anti-socialidade, e logo no começo de minha saída surge uma história. É claro que no churrasco também aconteceram muitas histórias, mas a minha auto-censura me proíbe de posta-las aqui hehehe.Voltando ao que interessa. Saindo de casa dei sorte de pegar um ônibus na hora em que cheguei ao ponto (fim de semana demora um século pra passar), ele estava meio vazio, então sentei na janela. Ele já estava quase cheio quando entra um velhinho vestido com uma camisa velha e óculos de sol, mesmo havendo alguns lugares vazios ele fica de pé. Então um menininho de uns cinco anos de idade senta do meu lado, o cara que estava sentado na minha frente olhou para trás e vendo a cena, menino sentado e velhinho inocente de pé, expulsa o coitadinho do banco e chama o senhor pra sentar. Foi a partir dai que eu me vi num dos episódios de "Os caçadores de conversa" do blog de Monsieur Coçard. Calmamente o "simpático senhor" começa contar a história de como seu dia começou: ele levantou e pensou que era domingo, mas era sábado, e ele não sabia como tinha pensado que era domingo, porque parecia mesmo sábado, enquanto isso eu calmamente balançava a cabeça para cima e para baixo fazendo sons como aham, hum, ãn e coisas do tipo. Apesar de não perceber que na realidade eu estava pensando "e o que é que eu tenho a ver com isso?", ele parou de falar. Pensei que tudo havia acabado quando de repente, um homem com duas crianças pequenas entra pela porta e começam a pedir dinheiro, dizendo que a mulher estava internada e ele desempregado, o que para muitos é uma situação normal, para o senhor do meu lado era um ótimo motivo para recomeçar suas histórias. Eu entrei em modo automático logo depois da quinta vez que ele contou como esse tipo de gente ganhava mais que nós, e que cegos e deficientes também só por que não pagam passagens e blá-blá-blá. Mas inexplicavelmente minha atenção foi tomada por ele em determinado momento de seu monólogo, ele não apenas tinha opinião mas também tinha uma justificativa para ela, e por mais incrível que pareça, ela era interessante.
Eu perdi o começo devido ao modo automático em que estava, mas deu pra entender, ele contava que quando era jovem (sempre isso), por algum motivo foi morar nas ruas, o dinheiro acabou, e ao invés de ir pedir esmola resolveu procurar um emprego, num restaurante viu uma placa que anunciava uma vaga de copeiro. Como ainda não havia aparecido ninguém para o cargo foi contratado, passado algum tempo o cozinheiro do local entrou de férias, e ele passou a substitui-lo e segundo ele, fez seu trabalho tão bem que passou a ocupar a vaga do cozinheiro permanentemente. Ai eu cheguei no meu ponto e não pude ouvir o desfecho da história, mas deu pra ver que ele se tornou um homem bem sucedido profissionalmente e que hoje passa seus dias tentando salvar as pessoas do mal caminho nos coletivos da cidade (tom irônico).
O que me chamou a atenção nisso tudo foi a comparação, o pedinte do ônibus e o velhinho em sua juventude estavam em situações semelhantes, um resolveu ir a luta e arranjar um serviço e o outro pedir esmolas. Não sei da situação do homem e suas duas crianças, mas será que ele também não poderia ter tido a mesma atitude do nosso ilustre senhorzinho? Eu sei que os tempos são outros e que não se encontra mais serviço na mercearia da esquina, mas penso que o que vale é a força de vontade. Começar do fundo do poço e ir subindo aos poucos, e não achar que o fundo do poço é um fim sem volta. Estou cansado de ver pessoas acomodadas, que reclamam de seus salários mas não fazem planos nenhum para melhora-los. Temos que parar de sermos hipócritas e admitir que se pedimos esmolas é porque queremos e não porque a vida nos obrigou, sempre temos mais de uma alternativa, o problema é que muitos tendem a escolher a mais fácil, mesmo que esta seja a mais humilhante. Queria mesmo que aquele homem lesse este post, pois, mesmo que ele não pudesse tirar uma lição de vida daqui, ao menos poderia me explicar o porque de eu estar errado!

3 comentários:

  1. olá master,

    esou voltando a ativa ao blog...

    deposi entra lah

    qto a sua historia,
    saia e descubras as historias fantasticas q estaum ai,
    prontas pra ser contadas!

    aloha!

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  2. Onibus são os melhores lugares para catar estória, e prestar serviço social também, eu tenho que fazer um post sobre as minhas. mas olha, eu não sou de passar a mão na cabeça de pedinte e sei mto bem que as vezes eles nem estão tão necessitados assim, mas sabe lá se aquele cara já nao estava no fundo do poço e o velhinho na verdade deu um desfalque no restaurante que trabalhou?.. a vida é muito insólita

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  3. Olá! Gostei do texto, e do blog. e do que escreveu. são muitos os pedintes dentro de ônibus. infelizmente.

    Abraço procê.
    e desculap por sair comentando assim, é que eu gostei do blog e não resisti. ^^'

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